quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Bate papo com Anderson Mota 6X CCIE
Galera, estive batendo um papo com o 6X CCIE Anderson Mota Alves que além de super gente boa nos deu diversas dicas para quem sabe um dia conseguir as tão sonhadas certificações Cisco, segue o bate-papo:
Café com redes: Bom cara, primeiramente obrigado por ceder o seu tempo para compartilhar um pouco da sua experiência no mercado de redes e T.I, além disso parabéns pelo 6º CCIE (algo inédito aqui no Brasil eu acredito):
Anderson: Sobre o 6º CCIE no Brasil até onde eu sei sou o único que possui e espero em breve fechar com o CCIE Data Center que já venho estudando algum tempo.
Café com redes:Como foi o seu início na carreira em T.I e quais foram as suas maiores dificuldades no início?
Anderson: Iniciei minha carreira de TI aos 19 anos e vi que era isso o que eu realmente gostaria de fazer, no início o que me chamava atenção eram sistemas operacionais, servidores e já via uma dificuldade imensa no armazenamento de informações e também na forma ao qual os dados eram compartilhados. Me lembro como se fosse ontem quando tinha que instalar o jogo Doom e Duke Nukem 3D e os meus amigos me passavam uma média de 30 disquetes com a compressão de ARJ e tinha que copiar 1 por 1 e depois descompactar (me lembro que falávamos nossa esse programa está ARJeado ou terei que DesARJear todo esse programa) e as vezes o último disquete estava corrompido e a pessoa tinha que me copiar tudo de novo. Ai aprendi que através de um cabo de rede cruzado e algum conhecimento de configuração de IP e máscara poderíamos compartilhar informações de um computador para o outro de forma muito mais rápida e então me encantei por esse caminho e via que rede seria minha praia.
Meu começo como de todo mundo foi bem complicado, com o acesso escasso a informações escritas em Português e com o meu Inglês que era de dar pena acabava me contentando na época com xerox de informações de material traduzido ou materiais em Inglês com telas e passava horas no dicionário traduzindo as palavras chaves para entender o conteúdo do que lia e então vi que para chegar onde eu queria o Inglês deveria ser o meu aliado.
Consegui emprego arrumando computadores e entrei em um curso de Inglês, estudava muito e comecei rapidamente a dar meus passos e tentar entender melhor as documentações que queria ler, me lembro que comecei lendo livros de crianças em Inglês e depois fui para desenhos e consegui videos em Inglês com legenda em Inglês, fui melhorando e vi que o programa de CCNA era o caminho para me dar uma boa base de redes.
Comecei a estudar e tinha amigos que já estavam estudando um curso de computação e tinha uma matéria de redes, fazia xerox do conteúdo e peguei tudo que conseguia, naquela época me lembro que meu computador passava a noite ligado conectado no BBS da Mandic e tentando conseguir acesso a informações no meu modem US Robotics de 56 Kbps (isso na época era luxo, hoje já quase não existe rsrsrs).
Depois consegui trabalho na EDS e tive a oportunidade de ir para os Estados Unidos em um trabalho de transferência de Off Shore, vi que conhecia Inglês mas precisava melhorar muito ainda, então já coincidindo com o término da minha faculdade de Administração de Empresas com Ênfase em Sistemas e com um dinheiro guardado fiz um programa de Intercâmbio pela STB e escolhi Londres sendo meu destino inicial onde ficaria hospedado em uma casa de família britânica e poderia ter contato direto e diário ao idioma com uma escola de Inglês por lá também, estudava o dia todo e a noite não parava de tentar me comunicar com a família e então meu Inglês ai deslanchou. Na medida que eu falava e o pessoal me entendia e eu começava a entender aos Ingleses, via que estava no caminho certo para chegar onde queria, mas a vida não é um mar de rosas e o meu dinheiro estava acabando por lá, mas queria continuar por mais um tempo por lá e então comecei a procurar empregos, era difícil por não ser europeu na época mas me lembro que fui muito bem em um processo seletivo de suporte técnico especializado a servidores na Compaq onde eu havia omitido a informação de não ser europeu, fui até o processo final e fiquei entre os 3 primeiros colocados e me fizeram uma proposta de trabalho, quando viram que não podiam me contratar por eu não possuir um work permit no UK iriam declinar a oferta quando a minha gerente da época gostou tanto de mim que falou que estava disposta a me contratar mesmo que tivesse que esperar e arcariam com os custos da permissão de trabalho por lá, fiquei muito feliz, voltei ao Brasil esperando os documentos chegar e quando chegou voltei ao UK dessa vez com um emprego e não mais como estudante, foi uma experiência muito boa, nova cultura, idioma e amizades, foi muito bom, aconselho a todo mundo que tiver a oportunidade fazer isso uma vez na vida. Por lá fiz amizades, contatos o que posteriormente me rendeu uma permissão de trabalho para a Espanha, e quando cheguei lá vi que queria continuar morando por lá e fiquei, foram 7 anos e meio onde passei por empresas como Telefonica, Dimension Data e Nextira One, foi uma época inesquecível também onde finalizei o meu CCNP, e consegui 3 CCIEs, sendo o Routing and Switching o primeiro, depois consequentemente o de Service Provider e o Security.
Me aventurei um tempo como instrutor e ministrava bootcamps pela Europa e Ásia com freelancer, conheci países que jamais pensei conhecer como Índia e Sri Lanka e já a 5 anos de volta ao Brasil consegui mais 3 títulos de CCIE em um momento bem corrido de trabalho e também finalizei um MBA na FGV na época que estava a ponto de ir para um exame de CCIE, nessa época me lembro que dormir era para os fracos e quase um luxo kkkkkkk.
Café com redes:E Como foi o início nas certificações Cisco? Por que você optou pelas certificações?
Anderson: Vi na época que a Cisco como fabricante fazia um papel muito importante em ensinar as pessoas o que era rede e ela sempre soube que quanto mais pessoas tivessem acesso a área e conseguisse dar suporte aos seus equipamentos, melhor seria e vi que no processo de aprendizado o peso das certificações eram super importantes pois as empresas valorizavam e precisavam delas para manter a parceria com a Cisco e nesse processo também melhorava minha condição financeira e vi que esse era o caminho, na época comecei com o CCNA e sempre com olho no CCIE mas no inicio via isso como algo quase impossível, e me lembro que um dos fatores que mais me serviu de propulsor em querer ter conseguido aprovar nesse exame eram conhecidos me falavam que essa certificação não era pra mim, que não tinha perfil, dinheiro suficiente e outros e então vi que era exatamente isso o que eu queria, pela dificuldade e pouco acesso as pessoas e sabia que uma vez aprovasse conseguiria me destacar dos demais na área.
Café com redes:O que você acha dos materiais nacionais voltados para redes Cisco (cursos/livros/graduações etc)?
Anderson: Acho que hoje em dia existe muito mais acesso a informações em Português, seja portais de ensinos online, ou livros em Português e até Network Academy da Cisco com material do CCNA e CCNP em Português, porém quando se necessita uma informação mais específica ou detalhada ou novas tecnologias o material sempre sai primeiro em Inglês, então mesmo para início com as informações existentes e as futuras que virão em Português ainda vejo que o Inglês é super importante, eu leciono um curso de Redes Avançadas na Metrocamp/IBTA em Campinas voltado 100% para redes e com a grade de conteúdo do CCIE de Routing and Switching e considero um bom curso para pessoas que querem trabalhar com redes.
Café com redes: Como você vê o cenário do mercado de redes e infraestrutura atual? Quais as suas perspectivas para esse mercado nos próximos anos aqui no Brasil?
Anderson: Vejo que o mercado global e nacional está mudando e de forma muito rápida, hoje em dia muitos clientes já não possuem o interesse de fazerem investimento em “caixas”, querem o serviço mas não querem ser o responsável pela manutenção e troca do hardware e além do mercado estar cada vez mais querendo comprar infraestrutura como serviço (Infrastructure as a Service), seja de forma mensualizada ao decorrer de um contato de 2-3 anos ou comprando o serviço de uma Infraestrutura que está na Cloud hoje em dia, e com a evolução e rápido crescimento dos serviços e virtualização, vejo que em um futuro muito rápido já existirão muito menos appliances e serão mais servidores com virtualização de serviços, e com soluções como ACIs e outros cada vez mais será importante as pessoas conhecerem o conceito tecnológico e não copiar scripts para configurar algo, até porque tudo isso será feito de uma forma muito intuitiva e com clicks será possível configurar coisas complexas mas quando algo falhar o conhecimento estará em quem conhecer a tecnologia e conseguir solucionar os problemas, e já temos que voltar a aprender linguagens de programação como Phyton e outros.
Café com redes: Como você decidiu estudar para o CCIE? O que te motivou? e o que te motiva até hoje a continuar estudando?
Anderson: O que inicialmente me motivou ao CCIE era o fato de sempre ter sido uma certificação de prestígio, muito difícil de se obter e que quando via que alguém havia aprovado essa pessoa vinha com um preparo muito grande e uma forma de raciocínio lógico muito bom para resolução de problemas. Também como comentei o fato de muitas pessoas me falarem para esquecer que era uma tipo de coisa que nunca estaria ao meu alcance, fiz um esforço adicional com o brio que sempre tive para provar para elas e o mais importante para mim que sim poderia consegui-lo. E sobre continuar estudando é pelo fato que o CCIE te obriga além de ser determinado ter uma cadência de estudo e também a primeiramente conhecer muito bem a teoria da tecnologia para posteriormente colocá-la em prática com laboratórios práticos durante o estudo, e para mim essa combinação de estudo é infalível, não tem como seguir um plano desse de estudo e ao final do processo não ter de fato aprendido o que era proposto.
Café com redes: Uma pergunta mais pessoal (também estou perseguindo o CCIE kkkk) qual o segredo para as provas do CCIE? Quais materiais/conteúdo você utiliza ou aconselha usarmos?
Anderson: Então o CCIE é uma certificação que requer acima de tudo muita cadência no estudo e determinação, sempre quando alguém me pergunta quando o segredo para as provas do CCIE diria que a palavra é determinação. Acho que dependendo da vertente do CCIE existem umas instituições melhores que outras, por exemplo para o CCIE utilizei o IPExpert e INE e achei eles muito bons nos vídeos de ensino da tecnologia e também nos seus workbooks de práticas de laboratórios, hoje existem diversos materiais que já não conheço muito bem, me lembro que o CBT Nuggets também na época me ajudou com um curso lecionado pelo Jeremy Cioara, gostei muito da didática dele, os Brians do INE são bons ensinando R/S.
Já para os meus estudos do Data Center vi alguns videos do INE e definitivamente não gostei, existem uns vídeos mais antigos do IPExpert onde o Rick Mur lecionava e acho que o conhecimento e didática dele para o DC excelente, mais pelo que vejo pelos que hoje em dia aprovam no R/S o Internetwork Expert e INE ainda são os mais utilizados para o R/S.
É importante quebrar a vertente em tópicos e a partir dai ir estudando cada ponto um a um e em uma planilha colocar os links para referências de configs apontando para blogs ou páginas da Cisco e também o seu grau de confiança no tópico em nível de conhecimento, uma vez já tenha lido e conheça a fundo o tópico em questão na parte teórica, então já se pode partir para laboratórios práticos no início somente dessa tecnologia e assim por diante para todas as outras tecnologias e uma vez já domine todas, começam então os laboratórios preparatórios de 8 horas, para cada CCIE eu costumo estudar média de 4 horas diárias e 6-8 horas no sábado e de 6-8 horas no Domingo. Quando vejo que nas tecnologias estou bem com o conteúdo as vezes fazia segunda, quarta e sexta mais sábado e domingo.
Café com redes: Qual conselho você pode dar para quem está começando a carreira Cisco?
Anderson: Meu conselho que sempre dou nas minhas aulas de pós-graduação aos alunos é que caso queiram entrar na área foquem em duas coisas, melhorarem o Inglês para conseguirem obter mais acesso a informações específicas e não ficarem somente reféns de materiais especializados em Português e que foquem no estudo e certificação CCNA, seja através de instituições de ensino particulares ou em programas como o da Cisco do Network Academy.
Pessoal, gostei muito das dicas e dos conselhos, e fiquei muito feliz pois percebi que estou no caminho certo (tirando a parte da cadência kkk), além disso o Anderson é um exemplo pro pessoal da área.
Parabéns ao Anderson e abraços pessoal.
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